segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Sou Aquele Que Vem Em Silêncio

Sou eu que apareço no silêncio
Que venho pelo vento suave
Quanto menos se sabe
Mais se quer

Sou o remexer das folhas
O reflexo da causa
O objeto do puro, a causa da caça
O rascunho que, por perfeição espontânea
Não se amassa

Quem sabe o que há por dentro de mim?
Uma surpresa, um outro jeito, alguma coisa saborosa
Ora tem curiosidade em saber,
Ora apenas sente; adora

Por dentro de mim há tudo
Eu sou feito disso tudo, do segredo
De fora pra dentro
De dentro pra fora


Artur Friedrich

Ônibus

Eu queria fazer uma poesia sobre o ônibus,
sua deselegância, seu tamanho desproporcional,
seu complexo de superioridade, assim mesmo frontal.
Queria falar de suas ultrapassagens e de seu motorista,
que parece grande, mas sempre é pequeno e egoísta.
Queria dizer mais, muito mais, mas não posso,
pois não há rima para ônibus.

José Alberto e Anor Butler Maciel

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Cores

Mas qual é a graça? Depois que tudo se vai e que o que nunca se entende é entendido, as coisas mudam. Hoje as folhas não caem mais como antigamente, e seu sorriso não reflete um brilho de sol. Mas o que fazer? Dizem que as coisas são assim. Todo mundo tenta seguir em frente, não me culpe por tentar. Mas é que às vezes tudo perde a graça. Será que o segredo de não saber o que esperar que era toda a surpresa? Não sei. Tudo parece tão previsível agora. Fico só tentando fazer a graça do que eu já sei esperar. Qual a diversão em saber tudo? Não há cores. Se talvez eu tentasse ser um pouco menos atento, ou ser um pouco menos esperto, desse certo. Mas eu não sou assim. Enfim, por favor, devolva minhas cores.

Artur Friedrich

Quinta-na!

Pedro, permita-me postar o Quinta-na! dessa semana; em homenagem a duas amigas.

Os amores são pássaros que chegam
não se sabe de onde e pousam
no livro que lês.
Quando fechas os olhos, eles alçam vôo.
Eles não têm pouso
nem porto
alimentam-se um instante em cada par de mão s
e partem.
E olhas, então, essas tuas mãos vazias,
no maravilhoso espanto de saberes
que o alimento deles já estava em ti...

Mario Quintana

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Possível Sombra

Não quero mais tudo que é possível. O Perfeito. Só quero o que eu posso ter. Afinal, quem não quer um amor perfeito? Quem não quer que uma pessoa totalmente diferente de você te entenda, saiba do que você gosta, mas mostre isso com tanta delicadeza que pareça que foi por acaso? Que saiba de toda a verdade, mas que fique a contando devagarzinho, só pra dar mais graça. Que olhe nos seus olhos e descubra que gosta de olhá-los, que poderia fazer isso o dia todo. Que goste tanto de você que nem saiba mais como descrever isso pra você. Que todo dia lhe diga: sonhei com você! E conte um sonho maluco que no final tudo que se vê é o amor.

Mas talvez eu não queira mais isso. Talvez eu esteja só desiludido, mas não acredito mais. O que eu posso pedir é apenas algo que me faça feliz, mas não me faça me sacrificar. Algo que faça com que eu me sinta melhor, mas que não controle como eu sinto. Que eu posso recorrer quando tiver alguma angústia, mas que não faça papel de psicólogo. Que apenas com um olhar e com um silêncio, uma piada seja contada. Algo simples assim. Na qual eu não tenho que me prender. Quando se prende que começam os problemas. Quero ser livre pra voar, mas voar pra onde é bonito.

Artur Friedrich

DA SORTE

Por ventura o azedume não acedeu
O amor continuou forte
Todos saberão que foi a sorte:
Você apareceu


Artur Friedrich

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Quão Certa é A Hora?

“Não é nossa hora”. Estranho, parece que é; eu sinto. “Não parece dar certo”. Tá, dessa vez eu concordo. Não parece dar certo. É mais difícil, quer demais. Mas bem, eu dou certo. Você não. Que riso interno: você não dá certo. Simplesmente não dá, não consegue. Consigo ver as pequenas soluções nesse riso de obviedade. Não é a nossa hora. Não é a sua; corrijo. E nunca será. Mas não fico triste, se - por milagre - for, haverá outro riso. Mas de satisfação. Finalmente alguém o fez. Satisfação indignada. Não é a nossa hora. Não sei não. Já disse que não é a sua? Talvez tenha sido um acerto. Mas você erra quando diz que não é a nossa hora.

Porque a minha é.

Artur Friedrich

Soneto

Aceitarás o amor como eu o encaro?
Azul bem leve, um nimbo, suavemente
Guarda-te a imagem, como um anteparo
Contra estes móveis de banal presente.

Tudo o que há de melhor e de mais raro
Vive em teu corpo nu de adolescente,
A perna assim jogada e o braço, o claro
Olhar preso no meu, perdidamente.

Não exijas mais nada. Não desejo
Também mais nada, só te olhar, enquanto
A realidade é simples, e isto apenas.

Que grandeza; a evasão total do pejo
Que nasce das imperfeições; o encanto
Que nasce das adorações serenas

Mário de Andrade

sábado, 21 de novembro de 2009

Olho No Lance!



- Belo lance, belo lance ..

Inapropriado

Aluna com roupa curta provoca tumulto em universidade e vídeo cai na web

Vídeo mostra garotos xingando a garota da Uniban de São Bernardo.
Segundo a PM, ela foi à aula 'com roupas inapropriadas'.


- Cá entre nós, com um corpo desse com toda certeza vestido curto é uma roupa bastante inapropriada ..


Sorriso Emo


- Se ele usasse aquelas franjinhas, calça torada, e um alargador, eu teria pena dessas bandinhas emo, muita pena ..

Impressões


- Engraçado, nunca tinha pensado dessa forma no uso das privadas, vivendo e aprendendo ..

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

O Velho e O Moço

Essa é mais uma daquelas histórias dramáticas na qual não se quer mais abrir o coração por estar machucado, não querer mais acreditar no amor por achá-lo uma farsa. O homem de aparência velha aproximou-se do rapaz. O dia poderia ser considerado apenas nulo. Não se fazia calor demais, então os pássaros não exigiam um banho. Não se fazia tanto frio; os que passavam pela praça não pareciam precisar de um casaco. As nuvens cobriam com delicadeza o céu, com medo de passar uma imagem de anuvio. Não era essa a intenção. Era mostrar que não era um dia que deveria incomodar.
As lágrimas começavam a encher, ainda sem escorrer, os olhos do discreto jovem, quando o velho resolveu, apoiando primeiro sua bengala, pra depois fazer uma expressão de esforço, se acomodar. Seus olhos azuis pareciam cansados, suas sobrancelhas faziam seu semblante um pouco mais triste, já que eram suavemente caídas. Suas roupas, ao que pareciam, já faziam parte do idoso. Combinavam completamente, como se ele as usasse o tempo todo. Com esse mistério previsível que a conversa se seguiu.
– E a solução é simplesmente fechar seu coração? – começou o velho, virando o rosto para o rapaz de cabelos escuros que tentavam cobrir o rosto.
– Eu não me importo qual seja a solução, só quero esquecer essa dor que me agoniza; só quero que passe – disse, apertando os olhos, evitando que as lágrimas começassem a escorrer.
– Não é o certo – simplesmente disse o velho.
– Você não sabe o que diz! Quem é você pra dizer o que é melhor pra mim? Você vem dizendo o que é melhor ou pior, mas você nem ao menos me conhece! – disse o jovem, aumentando seu tom.
– As histórias se repetem, rapaz.
– Como você pode saber?
O velho coçou a barba e olhou para o céu. Com saudade. Foi ao fundo da alma buscar, de dentro de um baú antigo, uma antiga história. Um baú de reminiscências. O baú das histórias que não deveriam ser contadas, das folhas que não deveriam ser lidas. Mas que seriam. O velho, com um profundo suspiro, começou a ler sua própria memória.
– Corrija-me se eu estiver errado. Para você, a coisa que mais lhe importava era ela. As coisas que você pensava envolviam o bem estar dela. Cada fato engraçado que ocorria, você pensava na maneira mais engraçada para contá-la. Seus sonhos eram simplesmente ela e castelos. O mundo poderia acabar, sobrando apenas ela, que você seria capaz de reconstruí-lo. Por ela, tudo por ela. O momento mais feliz dos seus dias era quando você sabia. “Vou encontrá-la”. E nada poderia te parar. O que te movia, o que te fazia funcionar, era chegar aos braços dela e não soltar. Olhar para os olhos dela e tentar roubá-los. Roubar o coração dela. Tê-lo pra sempre. A ter pra sempre em seus braços, sempre perto de você. Vocês sempre brincavam de quem era mais feliz e de o que fazer, já que vocês não tinham nada a ver. Ela gostava de cantoras estrangeiras. Você gostava de bandas de rock alternativo. Mas, engraçado, ao mesmo tempo vocês combinavam. No domingo, ela pensava em fazer compras, passear, tomar sol. Você pensava em dormir; mas quando ela ligava no final da tarde te chamando pro cinema, você não pensava duas vezes. As coisas eram complicadas, mas vocês se amavam mais que isso tudo.
O rapaz esperou um tempo até responder. Muita coisa se passava na cabeça dele. A confusão de lembranças agora causava-lhe tamanho impacto que não sabia distinguir a história do velho e a sua real história. Passou a mão sobre os cabelos e olhou para o velho. Os olhos do dele estavam muito além do que se podia ver.
– Mesmo que tudo isso possa acontec...
– Mesmo assim – interrompeu o velho –, com todas as coisas bonitas, ela simplesmente se fechou no mundo particular dela e, então, não se importava mais. Deve ter cansado, deve ter achado outro alguém. Mas não foi em você que ela pensou. Em quem ela mais deveria ter pensado. Te deixou, largado em qualquer banco de praça, sem entender o que havia feito de errado, sem saber o que fazer, desnorteado.
– Nem ao menos se explicou – completou o rapaz.
– E nem ao menos se explicou. Simplesmente foi embora – repetiu o velho, como em contraponto.
– Eu não sei mais o que fazer, eu sacrifiquei tanto por ela, eu mudei tanto por ela, tentei me moldar! Agora não sei mais qual a minha forma – disse o rapaz, não sabendo como, confiando no estranho velho que acabara de conhecer.
– Você não acreditaria. Mas vou lhe contar – começou o velho, com um tom de segredo – Você sofrerá. Não há duvida. Até você mesmo sabe disso. Mas, quando a ferida se fechar, você vai aprender que nem sempre é possível ser feliz; não na hora que se quer. Não era a hora. Uns lhe dirão “acontece...”, outros “não era pra ser...”, mas a verdade é que tudo que você é, tudo que você tem de bom dentro de si, será um dia tudo que alguém quer.
– Não entendo como.
– Sabe, rapaz, um dia você verá que, mesmo sem querer, você irá acreditar e confiar de olhos fechados em outro alguém. Seus dias terão razão e mais brilho, e você verá que a felicidade não era só um mito que havia desaparecido. Você só tem que não se importar. Todas as feridas contam uma história. E todas elas formam um homem.
– E que homem você é? – perguntou o rapaz.
– Apenas um velhinho – disse, abrindo um sorrindo.

Artur Friedrich

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Lugar Bizarro


- 'O negócio é adrenalina em duas rodas.'

domingo, 8 de novembro de 2009

O Segredo

Passou-se muito tempo até que ele finalmente descobriu. Já era tempo de saber, depois de tanta procura. Ele já sabia o que fazer; sua dívida não tinha sido paga. Ainda. Ele abriu os olhos e a fitou.

– Descobri – disse ele.
– O quê? – perguntou ela, confusa, ainda passando a mão sobre os olhos castanhos.
– O segredo dos problemas, de todas as coisas. Como resolver tudo. Eu descobri – disse, abrindo o peito de orgulho.
– É sério? – perguntou ela, sem saber ao certo o que falar.
– É verdade. Não pensei que um dia iria conseguir. Não é ótimo? Eu disse que ia descobrir, não foi?
– É... – disse ela com uma expressão estranha, sem convencer.
– Hm... – disse ele, sem entender – Então, vai querer saber ou não?

– Não sei. Como você se sente sabendo o segredo de tudo? Você deve se sentir único.
– Eu me sinto... – ele não soube responder. Olhou pra um ponto invisível, tentando pensar.
– Como? – ela se mexeu um pouco. Sentou-se, mostrando a curiosidade que a incomodou.
– Eu não sei – falou ele, sem se entender – Que estranho.
Uma brisa passou, balançando os cabelos e trazendo um silêncio incômodo.
– É por isso que eu não quero saber – disse ela, finalmente. E se deitou de novo.
– Como assim? – teimou ele, deitando-se ao lado dela.
– Bem – disse ela virando o rosto para perto do ouvido dele – você sabe de tudo, mas não sabe como se sente agora. Eu ao menos não sei de tudo, mas o que eu sinto é bem claro e eu me sinto bem. É tudo colorido pra mim, todos os defeitos que me afligem também me completam. Se não fossem esses probleminhas, o que eu aprendi ser e cada pedaço de mim seria diferente.

O silêncio e o vento vieram até os dois fecharem os olhos de novo. Ele os fechou, teimando em descobrir, tentando entender como, com tudo, poderia não ter nada. Ela fechou os olhos, sorrindo, entendendo que, mesmo com nada, tinha tudo.

Artur Friedrich

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Socorro!

Socorro, não estou sentindo nada!
Nem medo, nem calor, nem fogo,
Não vai dar mais pra chorar, nem pra rir.
Socorro, alguma alma, mesmo que penada
Me entregue suas penas?
Já não sinto amor, nem dor, já não sinto nada!
Socorro, alguém me dê um coração,
Que esse já não bate, nem apanha,
Por favor, uma emoção pequena!
Qualquer coisa,
Qualquer coisa que se sinta!
Em tantos sentimentos,
Deve ter algum que sirva.
Socorro, alguma rua que me dê sentido,
Em qualquer cruzamento, acostamento, encruzilhada,
Socorro, eu já não sinto nada, nada!

Autor Desconhecido.

Macarrão Árabe


- De como surgiram os conflitos entre cantinas italianas e mulheres muçulmanas.

Pró-Sedentarismo


- Que merda, que merda ..

Você?

Vi meus rabiscos e anotações e percebi que é muito mais provável você escrever pra alguém. Achei que era só eu, então comecei a reparar. A maioria das músicas e das poesias são feitas para um "você". Logo comecei a tentar escrever pra ninguém, para o mundo; não pra alguém específico, que não necessariamente exista. É muito difícil! Não se diz nenhum adjetivo com facilidade, não se tem ninguém pra jogar a culpa, pra desabafar. É quase falar sozinho.
Ao menos me sinto mais normal...

Artur Friedrich

Minha Sina

É ver aquilo que não foi mostrado, escutar aquilo que não foi dito, chorar com uma lágrima que não caiu, ler aquilo que não foi escrito, amar um amor inventado, abraçar aquilo que não veio.

Artur Friedrich

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Resto

Eu queria postar alguma coisa aqui. Não é porque não tem quase nenhum post recentemente, mas é que eu só queria. Sabe? Alguma coisa que não necessariamente fizesse sentido, mas que talvez desabafasse alguma coisa que estava presa aqui dentro. Alguma coisa que demonstrasse minha revolta, ou a minha falta de sorte, ou alguma coisa que me agonizasse. Podia ser alguma coisa que, mesmo que brega, me fizesse feliz. Podia ser um segredo que não me tivesse mais importância, mas que chocasse o mundo. O difícil é que eu não tenho nada disso; não tenho algo que me agonize ao ponto de desabafar, não tenho nada que me faça sorrir sem pensar nas consequências, não tenho nenhum segredo que choque o mundo.
O que me resta é esse post. Não falando de nada, não mudando nada. Não fez ninguém mais feliz ou mais triste. Mas é o que eu tenho.

Artur Friedrich

domingo, 1 de novembro de 2009

Surpresa

Era meio de tarde, o tédio invadia a sala sem pedir pra entrar, quando tive uma ideia. "Vou entrar no blog!", pensei. Fui animado, cliquei no link do meu próprio orkut e esperei. Quando a página apareceu de surpresa, fiquei desanimado.
– Poxa, eles nem postaram nada...
(Que estranho).

Artur Friedrich