quinta-feira, 21 de maio de 2009

Utopia Recôndita

Deparei-me com uma imagem interessante: olhos profundos, um pouco sem vida, mas confiantes. Um sorriso meio torto, discreto, mas sincero. Cabelos negros e jogados em desordem. Mas o que mais me chamava à atenção era o seu olhar – não, não os seus olhos – mas o seu olhar. Parecia que algo estava oculto; era penetrante ao ponto de hipnótico. Uma verdade indiscutivelmente desejável, que levaria ao egoísmo. Era por detrás dessa face que seus pensamentos velejavam suavemente pelas curvas do pensamento. A magia dominava todo seu viver, enquanto seu rosto mostrava apenas o que era desejado mostrar, através de expressões controladas com convicção. O sonho apenas visto por si mesmo era de tamanha satisfação que se fosse idealizado decerto seria o paraíso. Sua paz era tão amena que poderia ser feita uma canção que sugerisse o adormecer. Sua essência, porém, estava em desacordo com seu corpo. Poderia isso ser possível? Será que poderia ser guardado tão internamente um sentimento tão utópico? Com inconformação, quando sugeri um fio de pensamento, vi a mim mesmo defronte ao meu reflexo.


Artur Friedrich

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