quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

A Lagoa Sombria

O jovem andava incerto pela casa, indeciso se deveria ir olhar o inacabado quebra-cabeça no quarto ao lado ou se deveria ir à sala para sentar-se e pensar sobre o vazio. Sua face era inexpressiva. Seus olhos mantinham-se fixos num horizonte infinito e invisível, talvez em um mundo de fantasias ilusórias onde somente ele poderia ver; enquanto sua boca mantinha-se fechada sem esboçar qualquer sorriso ou tristeza. Resolveu-se por ficar no mesmo local; a falta de vontade de mover-se impedia-o de qualquer atitude. Faltavam-lhe motivos para fazer qualquer coisa. Por final pegou seu já surrado celular e começou a vasculhar suas antigas mensagens que lhe trouxeram talvez uma lembrança de qualquer fato alegre, mas que se manteve interna. Finalmente, com a necessidade por oxigênio quando demora-se no fundo de uma lagoa sombria, o jovem deita-se em sua bagunçada cama, com travesseiros aqui e lençóis acolá; mira seus olhos ao pálido teto e deleita-se em vagos pensamentos nostálgicos de algo que passou suavemente por suas taciturnas memórias. Se algo ou alguém fosse capaz de descobrir o que se passava pela mente do austero adolescente, decerto descobriria que a causa de sua angústia é a teimosa ausência de teu amor no alcance de teus braços.

Artur Schütte

Nenhum comentário:

Postar um comentário